
Seguindo a tradição, mais um post sobre a minha experiência no bacharelado em Letras na Uninter. Este é o terceiro da série, caso você tenha curiosidade de acompanhar tudo desde o início, vou deixar os links para o primeiro e o segundo semestres.
Uma leitora me informou que a grade do bacharelado mudou e em breve pretendo fazer um post comentando sobre o que achei disso! Mas mesmo assim, muito da dinâmica institucional permaneceu igual e vivi muitas novas experiências neste semestre, como estágio e monitoria, então espero que minhas vivências contribuam para que você saiba um pouco mais sobre a universidade, o curso e o que pode esperar da Uninter e de algumas atividades que ela oferece.
Mudança de emprego e rotina
Quando comecei a faculdade, trabalhava em tempo integral, ainda que em home office, então o trabalho ocupava a maior parte do meu tempo e eu fazia alguns malabarismos para equilibrá-lo com a faculdade. No início de 2025, apareceu uma oportunidade incrível de estágio na minha cidade, que eu acabei abraçando, e isso mudou consideravelmente a minha rotina. Eu passei a sair de casa todos os dias para trabalhar, mas na escala de 30h semanais e isso me deu muito mais tempo para estudar e me dedicar à faculdade!
O tempo extra me permitiu testar alguns outros métodos de estudos/anotação e também me dedicar à monitoria, cujo processo seletivo ocorreu no fim de 2024. Gente, sério, quando me inscrevi na monitoria ainda estava no trabalho, mas hoje em dia fico me perguntando se teria conseguido dar conta das demandas trabalhando em tempo integral e, sinceramente, acho que eu teria surtado um pouco. Adiante falarei mais sobre a monitoria, e também terei um post separado contando toda a minha experiência quando ela acabar, mas já deixo registrado que é uma atividade que demanda bastante dedicação e que eu não fazia ideia disso quando me inscrevi. Felizmente a vida me agraciou com mais tempo livre, senão eu que lutasse muito mais.
Experiência de estágio na Uninter e alguns problemas
Os estágios obrigatórios da Uninter ficaram disponíveis para mim logo no início do ano, um pouco depois de eu ter completado um ano de curso e concomitantemente ao aparecimento da oportunidade incrível de estágio que apareceu para mim. Maravilha, né?! Nem tanto…
Na verdade, mesmo com toda a informação disponível sobre os estágios, manuais e vídeos nas disciplinas, e mesmo conversando com atendentes da Central de Mediação Acadêmica, acabou acontecendo uma situação bem chata comigo. Em nenhum momento do meu contato com essas fontes ficou indicado que o estágio obrigatório não podia ser remunerado. E isso me causou um grande transtorno, pois fiz todo o processo burocrático da vaga de estágio que consegui achando que ele poderia ser incluído como estágio obrigatório, a disciplina ainda estava fechada para mim e, por isso, tive que fazer meus contratantes esperarem um tempo, arriscando perder o estágio, tudo para descobrir depois de algumas semanas que eu não poderia puxar o meu estágio atual como obrigatório porque ele era remunerado.
Sinceramente? Eu fiquei bastante chateada e incomodada com essa situação. Primeiro porque não consegui encontrar essa informação descrita claramente (ou até de forma obscura) em nenhum lugar. E olha que até o Projeto Pedagógico do curso eu li quando entrei na faculdade. Então, quando questionei isso na CMA, fui informada de que estava na lei de estágio, mas no meu entendimento a lei de estágio não proíbe estágios obrigatórios de serem remunerados, apenas obriga que os não obrigatórios sejam remunerados. Eu entendi que a decisão ficava a critério da instituição, mas, no caso da Uninter, essa decisão não ficou clara em nenhum momento.
Em segundo lugar, comecei a me preocupar em como conseguiria cumprir os dois estágios obrigatórios, sendo que eu preciso de uma fonte de renda e não posso simplesmente parar a minha vida, cumprir os estágios, e depois voltar a trabalhar remuneradamente. E imagino que essa situação seja a da maior parte das pessoas que optam por cursar uma faculdade EaD. Então fui me informar se a universidade oferecia ela própria alguns programas que pudessem contar como experiência de estágio, ou se ela tinha convênio com alguma instituição, e a resposta foi: não. Isso mesmo, fica como responsabilidade do aluno encontrar e cumprir essa exigência tão importante e que demanda tanto tempo que é o estágio obrigatório.
A falta de transparência e apoio institucional – que, devo dizer, não é nem um pouco a cara da Uninter, que sempre passou uma imagem de proximidade e acolhimento aos estudantes – me deixou tão incomodada que pensei até em mudar de faculdade, principalmente por conta da preocupação em como cumprir as exigências institucionais com a minha rotina, e pela dificuldade de planejamento, já que eu não posso pegar outro estágio agora, me dividindo entre o estágio obrigatório e o remunerado, uma vez que já estou na jornada máxima permitida por lei.
E eu só não troquei de faculdade porque tinha acabado de formalizar o estágio remunerado, que queria muito fazer, e também estava em vias de começar a monitoria, outra experiência pela qual aguardava ansiosa. O problema ficou sem solução, infelizmente. Todas as pessoas que me atenderam foram muito educadas e buscaram me ajudar dentro dos limites institucionais, mas não foi o suficiente para resolver o problema, que agora está com a Rafaella do futuro. Vamos desejar boa sorte para ela!
Monitoria
Finalmente consegui participar de uma das mais aguardadas atividades da Uninter: a monitoria!!
Ela começou no início de abril, um pouco atrasada devido a uma visita do MEC entre outras questões institucionais, mas normalmente inicia em fevereiro, e se concluirá em dezembro. Aí, se eu quiser continuar na monitoria, pelo que entendi, preciso passar pelo processo seletivo novamente.
No geral, a experiência tem sido muito bacana, apesar de bem diferente do que imaginei no início.
O edital descrevia uma série de atividades que eu tinha interesse em participar – por exemplo, auxiliar na organização de grupos de estudo, apresentar estratégias de estudo em EaD para auxiliar os alunos na aprendizagem, auxiliar em projetos de pesquisa, participando de reuniões e lendo o referencial teórico indicado – que simplesmente nunca ocorreram nem sequer sendo propostas.
Parte de mim queria participar da monitoria para estudar e discutir textos de forma conjunta, algo do qual sinto muita falta desde saí dos grupos de pesquisa após o mestrado, por isso fiquei decepcionada que essa atividade não aconteceu.
Coube a nós, monitores da disciplina de Língua Portuguesa, respondermos às dúvidas dos alunos na tutoria. A disciplina da qual sou monitora é um pouco diferente das outras da Uninter. Em muitas, os alunos são responsáveis por participar das aulas e atividades ao vivo. No caso dessa disciplina, a participação nas aulas não era obrigatória e nós nos dividimos para cada aluno, ou dupla de alunos, ficar responsável durante um dia da semana pelas respostas na tutoria.
Nesse sentido, tem sido algo bem manejável. Há dias em que não há nenhuma pergunta e outros em que há umas dúvidas um pouco capciosas, que exigem respostas mais elaboradas. E eu venho adorando essa parte! Para mim teria sido bem mais difícil participar das aulas ao vivo, que duram diversas horas na terça à noite, pois costumo fazer as tarefas da faculdade pela manhã.
Além das tarefas como monitora, outra atividade obrigatória que me surpreendeu foi a necessidade de apresentação de trabalho no ENFOC (Encontro de Iniciação Científica e Fórum Científico), um evento da Uninter, para obtenção de certificado da monitoria. O evento ocorreu no fim de agosto e irei falar mais sobre ele no post do próximo semestre.
Inicialmente, não vi tantos problemas na obrigatoriedade de apresentar um trabalho. Pensei que faríamos algo relacionado à monitoria e que seria desenvolvido a partir da nossa experiência, mas não foi exatamente assim. Desde a primeira reunião do grupo, já tivemos que começar a pensar em um tema de trabalho e nos debruçarmos sobre a pesquisa e elaboração de um texto que mais tarde viria a ser o resumo expandido submetido ao evento.
A professora que nos orienta, Fernanda Cristina Lopes, é excelente. Ela é, sem dúvida, a melhor orientadora que já tive, cuidadosa, atenciosa, que respeita nossas dificuldades e nosso limite. Aliás, os professores da Uninter têm uma cultura de respeitar o tempo de descanso dos alunos e serem compreensivos com as dificuldades enfrentadas, algo raro e que me surpreendeu positivamente.
Mas a experiência em si de ter que, pela primeira vez, escrever um trabalho na área de Letras (que me é nova) foi, para mim, muito difícil. Sobretudo conciliando com o estágio e o estudo para as disciplinas do curso. Mesmo que eu tenha conseguido manejar tudo e produzir um bom trabalho (na verdade, me surpreendi também que foi mais fácil do que esperava migrar de área de pesquisa), muitas vezes me senti sobrecarregada tendo que ler, fichar textos e escrever o resumo, e precisei sempre recorrer aos fins de semana para isso.
As atividades de pesquisa e escrita para o ENFOC muitas vezes se sobrepuseram ao trabalho realizado na monitoria, já que eu passava muito mais tempo lendo e escrevendo do que em contato com os alunos e respondendo suas dúvidas. Por isso, em alguns momentos, eu sentia que estava muito mais em uma Iniciação Científica do que no programa de monitoria.
Por isso, a experiência acabou não sendo, até o momento, o que eu buscava quando me inscrevi, apesar de eu amar escrever, de ter sido muito gratificante ter produzido meu primeiro trabalho, de ter me proporcionado contato com colegas superlegais e com uma professora orientadora incrível e muito parceira.
Disciplinas que cursei
As disciplinas que cursei no semestre foram:
- Linguística textual
- Leitura e compreensão de textos não literários
- Análise do discurso
- Letramento acadêmico: práticas de escrita
- Psicolinguística
- História da literatura
Este foi o semestre que senti que verdadeiramente estava cursando Letras! Não que os anteriores não foram bons, ou interessantes, mas acho que este foi o primeiro em que só tive disciplinas relacionadas à área e – o mais legal de tudo – os conteúdos das matérias se conectavam, então uma contribuia para o estudo da outra.
Também comecei a conhecer campos que não sabia que existiam, e isso foi um ponto bem positivo, pois acabei me interessando por essas novas áreas, principalmente Linguística Textual e Análise do Discurso.
E, claro, História da literatura também foi uma das minhas disciplinas favoritas! Até comprei o livro da Uninter, que achei por um bom preço no sebo. Todas as disciplinas são curtinhas, mas esse livro vai me acompanhar por toda a graduação, com certeza, como uma referência para estudos iniciais nos movimentos literários e na escolha de autores contemporâneos de referência para leitura.
Como estou estudando agora
Com mais tempo livre e disciplinas superinteressantes, decidi me dedicar mais ao estudo dos materiais e encontrei um método que, apesar de demandar mais tempo, funcionou muito bem para mim! E acabou resultando nos posts de “Notas de aula” aqui no blog. Ele funciona assim: eu assisto às aulas fazendo anotações, depois leio o livro fazendo mais anotações, separadamente. Por fim, junto ambas as notas em um documento único. Mas, o mais importante, é que, conforme costuro todas as anotações, separo-as por temas – uma espécie de fichamento temático, talvez?! – que não necessariamente estavam destacados no livro. Ou seja, vou rearranjando os tópicos da disciplina conforme o meu interesse e o modo que acho melhor para organizar e apresentar a informação.
O método é excelente porque me obriga a pensar muito sobre o conteúdo que estou aprendendo e organizá-lo da minha maneira, fazendo conexões entre diferentes materiais e escrevendo a partir do meu entendimento. Mas dá trabalho! Por isso acabo deixando apenas para as disciplinas que mais me interessam. Mas ele dá resultados mesmo. Comparando a apreensão do conteúdo das disciplinas nas quais o apliquei com aquelas que só fiz as anotações, mas sem as conectar, percebo que lembro muito mais do que estudei aplicando o método do “fichamento temático”. E outra vantagem é que produzo um material que posso compartilhar aqui no blog com outros estudantes da Uninter ou pessoas interessadas na temática, então sinto que os meus estudos também contribuem para o percurso acadêmico de outras pessoas, o que dá uma motivação a mais!
Além do novo método de anotações, como já mencionei antes, comecei a comprar alguns livros de referência nas disciplinas que mais me interessaram. Então comprei um livro de Linguística Textual (Introdução à linguística textual), dois de Análise do Discurso (Introdução à análise do discurso e Análise de discurso: princípios e procedimentos) e o próprio livro sobre história da literatura da Uninter (apesar de que estou louca para comprar o História da literatura ocidental, do Otto Maria Carpeaux). Também comprei um livro para a escrita do trabalho da monitoria, o Mimesis, do Erich Auerbach, que sei que irá me acompanhar até o fim da graduação e além.
Agora, eu consegui ler esses livros durante as disciplinas? Salvo a leitura obrigatória do livro da Uninter, não. Li algumas partes, mas os períodos são tão curtos que realmente não dá tempo de fazer leituras complementares, não mantendo uma rotina de estudos + estágio pelo menos. Só que não vejo isso como problema. A ideia é construir a minha biblioteca aos poucos, com as temáticas que mais me interessam, e me aprofundar aos poucos, quando for possível. A leitura dos livros está em andamento, mas claro que a prioridade são os conteúdos das disciplinas atuais. Por isso o estudo acaba sendo mais lento.
Porém, acho esse movimento que fiz muito importante, sabe?! No fundo, a graduação, sobretudo a de alguns cursos que são muito abrangentes, como o de Letras, tem o papel de nos apresentar ao nosso campo de interesse. Cabe a nós, em meio a tantas opções, elencarmos o que mais nos interessa e nos aprofundarmos nisso, assumindo um compromisso com a nossa formação. Também é para isso que a Uninter oferece outras atividades formativas, como a Monitoria e a Iniciação Científica. Então, mesmo que não seja possível ler tudo e se aprofundar em tudo imediatamente, considero a compra de livros como um compromisso firmado com determinadas áreas, e por isso que acho bastante importante.
E então, o que estou achando da Uninter até aqui?
Olha, gente, eu confesso que a minha opinião em relação à Uninter foi baqueada após a frustrante experiência envolvendo o estágio. Também fiquei chateada que o curso de Letras mudou bastante após a minha entrada. Para mim nada mudou, por isso fiquei sabendo por uma leitora do blog e fui me informar. O quadro de disciplinas está bem diferente e o tempo do curso diminuiu de 4 para 3 anos. Foi uma descoberta meio agridoce para mim, já que muita gente que entrou depois de mim irá se formar no mesmo ano que eu. Mas também muitas disciplinas interessantes foram cortadas, o que achei ruim. Se quiserem que eu fale mais sobre o que achei das mudanças, comentem aqui!
No geral, continuo gostando da faculdade e recomendando, mas principalmente pelas outras experiências proporcionadas pela instituição, pois acho que são um diferencial dela. A Uninter é realmente comprometida com a formação dos alunos, o conteúdo das aulas ao vivo (apesar de não falar muito delas aqui porque tenho dificuldade de acompanhar) é rico e complementa bastante as reflexões das disciplinas. É uma universidade aberta a ouvir os alunos e se modificar para acompanhar suas necessidades. Está sempre inovando e mudando (o que às vezes é bom e às vezes é ruim). Então, talvez, esse problema do estágio também mude. Sei que fiz minha parte e deixei a opinião que vocês agora conhecem em uma pesquisa deles sobre o assunto. Vamos ver.
O que me manteve vinculada à instituição foi principalmente a monitoria, que proporcionou um contato mais direto com colegas e professores e gerou um senso maior de fazer parte da comunidade acadêmica. As disciplinas também contribuíram porque venho gostando demais do conteúdo aprendido. Então continuo bem satisfeita com a experiência na Uninter.
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