
Sinopse
Na noite em que uma revolução derruba o Reinado das Bruxas, a vida de Rune Winters muda para sempre. Agora, com a Nova República no poder e bruxas sendo caçadas e executadas, a jovem precisa esconder quem realmente é.
Durante o dia ela finge ser apenas uma socialite fútil, mas à noite se torna a Mariposa Escarlate, uma vingadora que salva suas companheiras de magia. Porém, quando um dos resgates dá errado, ela tem que arrumar um jeito de despistar os perseguidores e conseguir a informação de que precisa. A solução é flertar com o belo e impiedoso Gideon Sharpe, um dos mais famosos caçadores de bruxas.
Gideon odeia todo o luxo que Rune representa, mas, quando descobre que a Mariposa Escarlate usa os navios mercantes da jovem para ajudar bruxas a fugirem, resolve se infiltrar em seus círculos sociais e cortejá-la. Logo percebe que, sob toda a beleza e frivolidade, ela é incrivelmente inteligente e sensível e parece seu par perfeito. Porém… e se ela for a inimiga que ele está há anos caçando?
Aviso: minhas resenhas são bem detalhadas, principalmente quando eu acho que o livro tem alguns pontos que poderiam ter sido melhores, como no caso deste aqui. Nada do que escrevi tem spoilers, mas, se você não gosta de saber muito sobre o livro antes de ler, recomendo ir direto para a seção “parecer final”, porque ali tem um resuminho dos principais elementos e da “vibe” geral da leitura.
Motivação da leitura
Eu já tinha visto alguém no Instagram ler e falar muito bem dele, que era viciante e rápido de ler, e fiquei com isso na cabeça. Não sabia muito sobre a história, apenas que era do trope enemies to lovers (que eu adoro!). Daí, depois de me cansar de ler tanta desgraça na vida das mulheres na literatura do século XIX, quis ler algo mais leve para espairecer e logo lembrei desse livro.
Cumpriu o propósito? Sim e muito!! Foi puro entretenimento.
O que achei da ambientação e da construção de mundo
A ambientação e construção de mundo é relativamente simples, mas tem alguns detalhes que são bem interessantes. Gostei muito que a magia das bruxas precisa de sangue para ser realizada, pois traz um complicador para tudo o que envolve o uso da magia e também uma certa polêmica. Além disso, o uso da magia tem restrições e hierarquias e deixa marcas no corpo daquele que cede o sangue, o que adorei. Achei a construção muito bem-feita e perfeita para criar muitos problemas na história.
Também gostei da ideia de Rune estar infiltrada no meio das pessoas normais e de a história já começar com as bruxas tendo perdido a soberania e estarem sendo caçadas. Conforme a história progride, entendemos cada vez mais o porquê das bruxas serem tão odiadas, sobretudo por Gideon, então, apesar dos expurgos serem bastante terríveis, a conformação política é compreensível, ambos os lados tendo argumentos contra e a favor para quererem que as coisas permaneçam ou mudem.
Infelizmente, a ambientação fica nisso, como um pano de fundo com potencial, mas que foi subaproveitado. Por mais que a Mariposa Escarlate seja conhecida como aquela que liberta outras bruxas do expurgo, nós praticamente não a vemos em ação, e o início é bem enganador, pois dá a ideia de que terá muito mais ação do que de fato acontece. Os feitos da Mariposa Escarlate são muito mais narrados do que mostrados, e o mesmo é válido para Gideon. A narrativa focou demais no romance e na história pregressa dos protagonistas, o que não é necessariamente ruim, mas deixou de aproveitar o mundo incrível que tinha construído.
Muitas das cenas passam em locais isolados, dentro de residências ou em eventos sociais que, inclusive, Rune e Gideon odeiam. Isso contribuiu e muito para eu ter a sensação de que nada aconteceu na história, mesmo o ritmo de leitura sendo rápido. Parece que a autora deixou tudo para as páginas finais, e aí um milhão de coisas aconteceram em pouquíssimo tempo e com pouquíssimo desenvolvimento. Tudo muito rápido.
O que achei dos personagens
Para mim, o personagem que brilha é o Gideon e seu passado conturbado que vamos descobrindo ao longo da leitura. É um personagem com alguma profundidade e camadas inesperadas. No início não gostamos muito dele, mas aos poucos ele conquista nosso coração.
Não gostei muito da Rune. Enquanto Mariposa Escarlate, ela tinha um excelente potencial, mas como Rune mesmo, os comportamentos dela eram muito ingênuos e meio sem inteligência. Ela passou longe da grandiosidade de sua reputação, o que, para mim, foi um problema na construção da personagem dela. Eu adorei que ela carrega uma culpa que a corrói, e que isso é algo que a deixa meio obsessiva, mas conforme a história avança, sobretudo no final, ela teve uma atitudes muito WTF e acho que saiu um pouco do personagem. Não entendi nada e odiei tudo kkk.
O Alex, que é um personagem importante sobretudo por criar um triângulo amoroso (e já vou falar mais sobre isso), foi uma surpresa, porque várias reviravoltas o envolvem e acabam tornando-o também um personagem mais complexo. Mas é uma pena que ele não tenha sido mais bem explorado, salvo para seu uso no triângulo. Realmente parece que ele só foi colocado na história para facilitar a criação de tensão em determinados momentos e que, no fundo, ele era descartável.
Porém, enquanto nós leitores vamos mudando nossa opinião sobre determinados personagens a partir de certas revelações, tive a sensação de que eles, em si, não mudam muito ao longo da história. Parece que não há um desenvolvimento dos personagens, e por causa disso eu senti que li li li e, na verdade, muito pouca coisa aconteceu na história, parece que ela não saiu do lugar, o que foi um pouco decepcionante.
O romance
O casal tem potencial, e uma química ótima, apesar de muitas vezes a narrativa focar em uma atração física fatal e irresistível entre os dois. Há momentos bem legais, em que eles compartilham seus passados e a gente vê a possibilidade real de um vínculo se formar, mas tudo muito subaproveitado. A relação escalona muito rápido sem que isso tenha sido construído na história, e muito ligada à única cena hot do livro. Ou seja, a ênfase fica na atração física fatal que, na minha opinião, não é o suficiente para carregar o trope enemies to lovers.
Além disso, os conflitos que atrapalham o casal são por demais clichês e aqueles do tipo que eu acho um saco, porque basicamente qualquer coisinha abala emocionalmente os membros do casal e coloca tudo a perder. Parece, então, que a autora não se decide quanto ao status do casal: ou são muito apaixonados, ou não se importam tanto um com o outro. Não dá para ser os dois!
O clichê do triângulo amoro
Sim, gente, o livro tem esse clichê que eu realmente não gosto, porque acho que no geral não é bem executado, só sendo usado para criar tensão, como foi o caso na narrativa.
Eu acredito que não estou trazendo nenhum spoiler nesta seção porque é evidente que o romance da história é entre a Rune e o Gideon. Então, para que envolver o pobre Alex??
A relação entre os dois não me convenceu. Aliás, eles eram estranhamente próximos, com comportamentos considerados de casal, desde o início, então muitas das situações “inéditas” que acontecem entre eles são pouco críveis, pois, ou deveriam ter acontecido muito antes, ou a Rune deveria ter desconfiado que o Alex gostava dela e ter tomado uma atitude em relação a isso.
Outra coisa que me irritou demais (!!!) foi a dicotomia entre Alex e Gideon em relação à Rune. Alex era o porto seguro dela, ele era legal, bom etc. etc. e tudo o que sobrou para o Gideon foi a atração fatal que faltava ao Alex. Sério, tem como ficar mais clichê que isso? Fora que acho essa noção de que a paixão não convive com características positivas em uma única pessoa é bem problemática e um desserviço para a sociedade.
Não gostei. Não acho que tenha sido bem executado. Fica claro que é um recurso que a autora usou e não algo natural que surgiu da narrativa. Não funcionou e eu queria que não tivesse acontecido. Maaas, também é algo que não toma tanto espaço assim no livro, então dá para lidar.
Parecer final
O livro é um vira páginas. Se gosta do trope enemies to lovers, você não vai querer (ou conseguir) parar de ler. Isso significa que ele é bom? Não exatamente… mas é um excelente entretenimento que te engaja do início ao fim e com um romance com química, que funciona (na maior parte das vezes, caso você desgoste de triângulos amorosos), um sistema de magia bem interessante e grandes plot twists. Cuidado com o final, porque há altas probabilidades de você querer começar a ler o segundo livro imediatamente. Se tem dificuldade de lidar com isso, recomendo já comprar logo os dois!
Ficha técnica do livro

Título: Caçador sem coração
Autora: Kristen Ciccarelli
Tradutora: Jana Bianchi
Editora: Arqueiro
Ano: 2024
Nº de páginas: 368
1º livro da duologia: Mariposa escarlate
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Vergonha foi a minha leitura após Caçador sem coração. Ele não é do gênero fantasia, mas tem a mesma pegada de romance proibido e enemies to lovers, só que com um romance muito bem construído e personagens que se desenvolvem ao longo da narrativa. Se você ficou com um gostinho de “quero mais” com o romance de Caçador sem coração e/ou não quer pular direto para o segundo livro, recomendo demais Vergonha! (Em breve sairá resenha!)
Já Pássaro e serpente é um livro que está na minha lista de leitura. Ele é muito semelhante a Caçador sem coração, pois também conta com a temática das bruxas perseguidas, uma bruxa se escondendo entre seus inimigos e um romance proibido! Este faz parte de uma trilogia, e tive a sensação de que o romance também é mais bem desenvolvido nesta história.
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